POPULAÇÃO E PODER
PÚBLICO. CULPADOS, INOCENTES OU DESPREPARADOS?
Mais uma vez venho explanar um projeto que poderia estar hoje,
completando uma década de existência – O Regional Vestibulares - tenho certeza,
que o poder público e a população deste município teriam ganhado muitíssimo com
a sua existência, mas infelizmente, por falta de “faro” administrativo e
político por parte do poder público e também, pelo descaso da população, o
município desperdiçou tempo (10 anos) e dinheiro, que poderiam ter sido
aplicados aqui mesmo no município.
Faltou e continua
faltando discernimento político e administrativo
Fazendo um levantamento de custos, o gasto efetuado durante
estes 10 anos, que a prefeitura poderia ter economizado, só no transporte de
alunos de cursinho e CTU, seria em torno de R$ 1.400.000,00 (um milhão e
quatrocentos reais), o que daria para construir 7 UBSs, como a que foi
construída no antigo prédio do posto de saúde, ou então, no remanejamento desta
verba para amenizar a carência de médicos, na Santa Casa de Misericórdia, com 4
plantões semanais durante este período de 10 anos. (sei que esta verba tem
destino para educação, talvez não pudesse ser empregada em outro setor, mas é
só um comparativo que estou fazendo, de qualquer forma houve o gasto) Agora, levando
em conta também, o gasto efetuado pelos alunos fora do município durante o
período de aulas, estes números dobram, e para fechar o prejuízo, o município
deixou de arrecadar do próprio, Regional Vestibulares, por volta de R$
60.000,00 (sessenta mil reais) em impostos, caso tivesse em funcionamento
nestes 10 anos. Sem contar também, que deixou de empregar mão de obra local.
Hoje, quem sabe? O Regional Vestibulares poderia ter ido além
do projeto inicial, como por exemplo, ter acrescentado em suas atividades,
cursos profissionalizantes, formando não somente alunos rionovenses, mas
atendendo também à região, aliás, esta era uma das metas quando fundei o Curso
Regional Vestibulares.
Tudo isso minha gente, depende de apoio, não só político, mas
a população tem que ser participativa, e culturalmente bem orientada, diferente
da realidade que vivemos em Rio Novo, pois a meu ver, boa parte da população se
compara a uma “boiada” a espera do urro do berrante. Sei que muitos não vão
gostar da comparação, mas é o que eu percebo, tanto é, que estamos onde estamos
e da forma que estamos.
Com relação aos custos, fiz uma explanação a grosso modo, mas
com base nos custos praticados atualmente com transportes de alunos pela
prefeitura municipal de Rio Novo. Segundo fontes, o valor empregado com o
transporte de alunos que fazem cursinho e CTU em Juiz de Fora, fica em torno de
R$ 520,00 por dia. Então é simples, é só ver quantos dias letivos tem o ano,
multiplicar por 10 e depois multiplicar por R$ 520,00 e você chegará a este
valor citado no início do texto.
A idéia - Regional
Vestibulares
Ainda em 2002, no meu 1º período de comunicação, na
Universidade Antônio Carlos, em Juiz de Fora, em uma conversa informal com um coordenador
de cursinho pré-vestibular, tive a idéia de abrir um cursinho em Rio Novo,
equiparado aos bons cursinhos existentes em Juiz de Fora. A intenção era
facilitar um ensino de qualidade sem muito sacrifício para os alunos de Rio
Novo, pois eu estava sentindo na pele o sacrifício de ter que viajar 50 quilômetros
de ida para assistir as aulas na faculdade e mais 50 de volta. Claro, vi também
a oportunidade de um bom negócio, unindo o útil ao agradável.
Da teoria à prática
Então, dei andamento no projeto, de início contratei um
coordenador experiente na área, que conhecia diversos professores com bagagem
em cursinhos pré-vestibulares. Com o prédio, onde seria a sede do Cursinho já
em reformas, fui fazer a aquisição de carteiras, quadros negros, ventiladores,
retro-projetores, divisórias, mobília para a secretaria, e por fim: freezer,
fogão, estufa para salgados e utensílios para cantina. Até aí, tudo bem!
Precisávamos, portanto definir qual método de ensino iríamos adotar, afinal, um
bom cursinho não depende somente de bons professores, bons alunos e de uma boa
estrutura, precisa também, de um bom plano de ensino. Com a orientação do meu
coordenador, adotamos a UNO Sistema de Ensino, sistema
adotado por diversos cursos conceituados naquela ocasião. Tudo isso já
resolvido, iniciamos o ano de 2003, com a divulgação do novo empreendimento,
para isto, usamos todos os meios possíveis: rádio, carro de som, panfletagem cartazes,
palestra e apresentação dos professores no Espaço Cultural e por final, eu e o
coordenador fizemos uma visita/convite nos colégios do município. Com a data do
início das matrículas já marcada para o dia 10 de janeiro numa sexta feira só
nos restava aguardar.
Confesso! A
expectativa por minha parte era tamanha, afinal, ainda não sabia direito o
terreno que eu estava pisando, era um ramo de negócio, o qual eu não entendia
nada. Mas, em contrapartida sabia que para obter bons resultados tinha que
investir em qualidade de ensino, isso não difere de outros negócios, afinal,
qualidade cabe em qualquer ramo de negócio.
Aluno – Item primordial
Aquele dia 10 de janeiro, é um dia que está grifado no meu
calendário de vida, não é pra menos, pois apesar da expectativa que eu já disse
ter ficado nesse dia, a surpresa também fez companhia à expectativa, de início
neste mesmo dia, tive mais de 30 matrículas, o que me encheu de esperanças e
motivação, sei que, no total de matrículas até o início das aulas, no dia 3 de
fevereiro atingimos cinqüenta e duas. O dia 3 de fevereiro, tenho na memória,
como um filme. Naquele dia acordei cedo, por volta de 4:30 hs da madrugada, eu
tinha um compromisso irrefutável, além da inauguração das aulas no
Regional, ainda faltava algo imprescindível
para o funcionamento do Regional, as carteiras. Pois elas, ainda não estavam em
seus lugares, portanto, com viajem já combinada com Rodrigo do Ovo (na época
tinha um caminhão baú), para Barbacena, onde eu havia comprado 60 carteiras. Eu
e o motorista Carlinho do Liquin partimos cedo em busca deste item precioso e
indispensável, foi uma viaje ansiosa, não era pra menos, pois o motivo
justificava a ansiedade.
Viaje nervosa concluída e carteiras em seus devidos lugares,
aguardando o momento das primeiras aulas daquele dia inaugural.
De vento em popa (ou
melhor, “ventinho”)
Até o primeiro bimestre tudo estava correndo bem: professores
cumprindo horários, alunos em dia com suas mensalidades e conseqüentemente:
aluguel, conta de luz, folha de pagamento de professores e funcionários, tudo
em dia. Até que, entramos no 2º bimestre, aí começou, eu diria, o
“descarrilamento”: alunos começaram a abandonar o curso, alguns por falta de
vontade de seguir a diante com os estudos, outros por problemas financeiros,
alguns que insistiam em continuar, mas ficaram inadimplentes, e
conseqüentemente devido a estes fatores, caiu o faturamento em torno de uns 40%,
desequilibrando drasticamente o lado financeiro do Regional Vestibulares. A
partir daí, tive que apelar para retiradas do movimento da minha confecção para
tampar temporariamente o rombo no caixa do Regional, que cada vez mais se alargava.
Mas, como meus recursos eram pequenos perto das despesas que o Regional necessitava
para se manter em atividade, acabei tendo que pedir “socorro”, sabem onde? Isso
mesmo, na política. Confesso ter feito o que podia na ocasião para não ter que
me sujeitar a tal situação, pois antes disso, cheguei a programar com alunos e
professores, churrascos de confraternização, excursões e até mesmo, bailes com
bandas. Tudo para angariar fundos e contornar esta 1ª crise que o Regional
estava enfrentando.
Nem São Pedro ajudou!
No mês de julho
cheguei realizar uma festa Julina em frente ao colégio “1º Arraiá do Regioná”.
Programamos a festa, típica para a ocasião, com várias barracas, fogueira,
forró com a dupla: “Colombinhos do Forró”. Tudo indicava que a festa seria um
sucesso, afinal, divulgamos o evento com antecedência, a localização onde foi o
evento é considerada um lugar bem localizado, no centro de Rio Novo. Mas, nada
adiantou, algo difícil de prever nesta época do ano, aconteceu, piorando ainda
mais as finanças do Regional. Choveu os 4 dias do evento, o resultado já dá pra
imaginar. Prejuízo total.
2º semestre – 65% de
Evasão
Quanto à ajuda política que procurei naquela época, acho
desnecessário comentar, pois foi em vão. Como eu citei acima no texto, sobre os
valores calculados hoje, com relação ao transporte de alunos para Juiz de Fora,
por parte da prefeitura de Rio Novo e que não seria mais necessário, cheguei
então a pensar que isso seria formidável, uma economia significativa para a
prefeitura, afinal, além de beneficiar alunos, poupar os pais de preocupação
com seus filhos na estrada todos os dias para estudarem em juiz de Fora, a
prefeitura ainda assim seria a maior beneficiada financeiramente com o a
existência do Regional Vestibulares. Mas nada disso surtiu efeito.
Aos “trancos e barrancos” iniciamos o 2º semestre, somente
com 17 alunos. Levando em conta que cada aluno pagava uma mensalidade no valor
de R$ 87,00 (Oitenta e sete Reais) e para totalizar arrecadávamos a quantia de R$ 1.479,00 (Um mil e
quatrocentos e setenta e nove reais), esta era a única fonte de renda, contra
uma despesa que chegava a R$ 2.850,00 (Dois mil e oitocentos e cinqüenta reais)